Nasceste ao meu lado, literalmente. Vi-te com poucos dias de idade, juntamente com o carinho da tua mãe e dos teus irmãos - também recém-nascidos. Desde aí foste nosso, pertenceste à nossa família. Viste a minha casa a ser construída melhor que eu e desde então lá viveste. Eu vi-te crescer, tu viste-me crescer. Cheguei a chamar-te melhor amigo, namorado, marido, todos os nomes possíveis.
Eras um cão meigo, simpático. O máximo que fazias a pessoas desconhecidas era cheirar-lhes a roupa ahah. Nunca nos ladravas nem eras mauzinho. Sempre tremeste de medo quando havia trovoadas ou fogo-de-artício, e sempre fugiste cada vez que abriamos a mangueira ou quando eu brincava com o meu hulla-hoop antigo e com a corda de saltar no meu quintal, quando era novinha.
Sempre vieste cumprimentar-nos ao portão cada vez que voltávamos a casa, com um entusiasmo cheio de saudade e esperança. Por vezes parecia que nos sorrias. A tua cauda nunca parou de abanar com alegria... até há umas semanas atrás.
Deram-me uns míseros 11 anos contigo, pois uma vez que se nasce, morre-se também. Mas agora já não estás em sofrimento, bebé. Já não estás fraco e a cambalear. Agora estás num sítio qualquer a brincar novamente, sempre alegre e brincalhão. Já não precisas de ter medo. Já não precisas de chorar e ganir de dor - e eu já não preciso de assistir a isso tudo, sabendo que não posso fazer nada por ti. Protegi-te e cuidei de ti como se fosses do meu sangue, até ao último fôlego.
Nasceste ao meu lado, e acabaste por morrer ao meu lado. Nunca te vou esquecer, Nookie. Serás sempre nosso.
2000-2011 <3