19 de agosto de 2011

querida mãe,

todos os dias sofro contigo, com a tua falta de entendimento. Com o facto de estares velha e já nem conseguires pensar como uma adolescente - como eu. Só pensas nos adolescentes que se houvem falar, que engravidam, têm doenças, bebem, fumam, drogam-se. Porque é que não pensas como eu? Só pensas nos jovens de merda, então e os que têm cabeça? Desses não falam.
Sinto-me presa nesta casa; nestas pessoas que se entitulam "minha família"; nesta mulher que diz ser "minha mãe". Ora, eu aprendi que uma mãe não é só aquela que nos dá à luz, é aquela que cuida de nós a vida toda. Com essa definição, tu continuarias a ser minha mãe. O problema é que tu és apenas mais uma, não marcas a minha vida pela positiva, não me ajudas, não sofres comigo, não falas comigo, não és minha amiga! Nunca te confiaria um segredo meu, uma preocupação minha. E é esse simples facto que me deixa a chorar praticamente todos os dias e a desejar poder sair de casa. Dizes para eu não ter pressa em crescer, mas como queres que eu não tenha se me prendes assim? Entristeces-me e desiludes-me todos os dias. Deixa-me ser feliz, mãe.



Talvez um dia consiga ler-te este texto. Talvez aí percebas, ou então talvez continues a não querer perceber.

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